Total de visualizações de página

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Eduardo Galeano

“Uruguay, mi tierra” por Eduardo Galeano

Filme produzido pela Televisão Espanhola em 2004, parte da série “Ésta es mi tierra”, aqui dividido em quatro partes.

Três milhões de anarquistas conservadores: não gostamos que ninguém mande em nós e custa-nos mudar. (E. Galeano).

Nossa autêntica identidade coletiva nasce do passado e se nutre dele – pegadas sobre as quais caminham nossos pés, passos que representem nossas andanças de agora – mas não cristaliza na nostalgia. Somos o que fazemos, e, sobretudo o que fazemos para mudar o que somos: nossa identidade reside na ação e na luta. Por isso a revelação do que somos implica na denúncia do que nos impede de ser o que podemos ser. - Eduardo Galeano

Ella está en el horizonte. Me acerco dos pasos, ella se aleja dos pasos. Caminho diez pasos mas y el horizonte se corre dies pasos mas. Por mucho que yo camine nuca la alcanzare. Para que sirve la utopia? Para eso sirve para caminar. (Eduardo Galeano)

A vida, sem nome, sem memória, estava sozinha. Tinha mãos, mas não tinha em quem tocar. Tinha boca, mas não tinha com quem falar. A vida era uma, e sendo uma era nenhuma. Então o desejo disparou sua flecha. E a flecha do desejo partiu a vida pela metade, e a vida tornou-se duas. As duas metades se encontraram e riram. Ao se ver, riam; e, ao se tocar, também.
E.Galeano

Luz Marina Acosta era menininha quando descobriu o circo Feruliche. O circo Feruliche emergiu certa noite, mágico barco de luzes, das profundidades do Lago da Nicarágua. Eram clarins guerreiros as cornetas de papelão dos palhaços e bandeiras altas, os farrapos que ondulavam anunciando a maior festa do mundo. A lona estava toda cheia de remendos, e também os leões, aposentados leões; mas a lona era um castelo e os leões, os reis da selva. E uma senhora rechonchuda, brilhante de lantejoulas, era a rainha dos céus, balançando nos trapézios a um metro do chão. Então, Luz Marina deciciu tornar-se acrobata. E saltou de verdade, lá do alto, e em sua primeira acrobacia, aos seis anos de idade, quebrou as costelas. E assim foi, depois, a vida. Na guerra, longa guerra contra a ditadura de Somonza, e nos amores: sempre voando, sempre quebrando as costelas. Porque quem entra no circo Feruliche não sai jamais.
(Eduardo Galeano)

Nenhum comentário:

Postar um comentário