Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar seus olhos que são doces porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres exausto. No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida e eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz, a tua voz. Não te quero ter, pois em meu ser tudo estaria terminado quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada que ficou em minha carne como uma nódoa do passado eu deixarei. Tu irás e encostarás tua face em outra face, teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu porque eu fui o grande íntimo da noite porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa porque os meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço e eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado. E eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos mas eu te possuirei mais que ninguém, porque poderei partir e todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas, serão a tua voz presente, tua voz ausente, a tua voz serenizada. (Vinícius de Morais)
Ausência
Amo-te tanto, meu amor... não cante o humano coração com mais verdade... Amo-te como amigo e como amante numa sempre diversa realidade. Amo-te a fim, de um calmo amor prestante e te amo além, presente na saudade. Amo-te, enfim, com grande liberdade dentro da eternidade e a cada instante. Amo-te como um bicho, simplesmente de um amor sem mistério e sem virtude com um desejo maciço e permanente e de te amar assim, muito e amiúde é que um dia em teu corpo de repente hei de morrer de amar mais do que pude. (Vinícius de Moraes-1980)
Soneto do amor totalPra que chorar se o sol já vai raiar, se o dia vai amanhecer, pra que sofrer se a lua vai nascer... é só o sol se pôr! Pra que chorar se existe amor, a questão é só de dar, a questão é só de dor. Quem não chorou, quem não se lastimou não pode nunca mais dizer... pra que chorar, pra que sofrer. Se há sempre um novo amor em cada novo amanhecer." - (Vinicius de Moraes-1980/Baden Powell) Canto de xango
De tudo ao meu amor serei atento, antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto que mesmo em face do maior encanto dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento e em seu louvor hei de espalhar meu canto e rir meu riso e derramar meu pranto ao seu pesar ou seu contentamento. E assim, quando mais tarde me procure, quem sabe a morte, angústia de quem vive, quem sabe a solidão, fim de quem ama. Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama mas que seja infinito enquanto dure. (Vinícius de Moraes-1980) Soneto da Fidelidade
Nádegas é importantíssimo. Grave, porém, é o problema das saboneteiras. Uma mulher sem saboneteiras é como um rio sem pontes.
De tudo ao meu amor serei atento, antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto que mesmo em face do maior encanto dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento e em seu louvor hei de espalhar meu canto e rir meu riso e derramar meu pranto ao seu pesar ou seu contentamento. E assim, quando mais tarde me procure, quem sabe a morte, angústia de quem vive, quem sabe a solidão, fim de quem ama. Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama mas que seja infinito enquanto dure. (Vinícius de Moraes-1980) Soneto da Fidelidade
Nádegas é importantíssimo. Grave, porém, é o problema das saboneteiras. Uma mulher sem saboneteiras é como um rio sem pontes.
De repente do riso fez-se o pranto silencioso e branco como a bruma e das bocas unidas fez-se a espuma e das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento que dos olhos desfez a última chama e da paixão fez-se o pressentimento e do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente fez-se de triste o que se fez amante e de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distante fez-se da vida uma aventura errante d repente, não mais que de repente.
Vinicius de Moraes - Soneto da Separação
Vinicius de Moraes - Soneto da Separação
Nenhum comentário:
Postar um comentário