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domingo, 6 de fevereiro de 2011

Vinicius de Moraes

Se eu tivesse se eu tivesse muitos vícios o meu nome o meu nome era vinícios se esses vícios se esses vicios forem imorais eu seria o Vinicios de Morais (cantada em coro por amigos do vinicios quando ele chagava na roda do bar... tudo num tom de muita bricadeira mas ele ficava meio de cara...hehe)

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar seus olhos que são doces porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres exausto. No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida e eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz, a tua voz. Não te quero ter, pois em meu ser tudo estaria terminado quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada que ficou em minha carne como uma nódoa do passado eu deixarei. Tu irás e encostarás tua face em outra face, teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu porque eu fui o grande íntimo da noite porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa porque os meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço e eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado. E eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos mas eu te possuirei mais que ninguém, porque poderei partir e todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas, serão a tua voz presente, tua voz ausente, a tua voz serenizada. (Vinícius de Morais)
Ausência

Amo-te tanto, meu amor... não cante o humano coração com mais verdade... Amo-te como amigo e como amante numa sempre diversa realidade. Amo-te a fim, de um calmo amor prestante e te amo além, presente na saudade. Amo-te, enfim, com grande liberdade dentro da eternidade e a cada instante. Amo-te como um bicho, simplesmente de um amor sem mistério e sem virtude com um desejo maciço e permanente e de te amar assim, muito e amiúde é que um dia em teu corpo de repente hei de morrer de amar mais do que pude. (Vinícius de Moraes-1980)
Soneto do amor total

Pra que chorar se o sol já vai raiar, se o dia vai amanhecer, pra que sofrer se a lua vai nascer... é só o sol se pôr! Pra que chorar se existe amor, a questão é só de dar, a questão é só de dor. Quem não chorou, quem não se lastimou não pode nunca mais dizer... pra que chorar, pra que sofrer. Se há sempre um novo amor em cada novo amanhecer." - (Vinicius de Moraes-1980/Baden Powell) Canto de xango

De tudo ao meu amor serei atento, antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto que mesmo em face do maior encanto dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento e em seu louvor hei de espalhar meu canto e rir meu riso e derramar meu pranto ao seu pesar ou seu contentamento. E assim, quando mais tarde me procure, quem sabe a morte, angústia de quem vive, quem sabe a solidão, fim de quem ama. Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama mas que seja infinito enquanto dure. (Vinícius de Moraes-1980) Soneto da Fidelidade

Nádegas é importantíssimo. Grave, porém, é o problema das saboneteiras. Uma mulher sem saboneteiras é como um rio sem pontes.
De repente do riso fez-se o pranto silencioso e branco como a bruma e das bocas unidas fez-se a espuma e das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento que dos olhos desfez a última chama e da paixão fez-se o pressentimento e do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente fez-se de triste o que se fez amante e de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distante fez-se da vida uma aventura errante d repente, não mais que de repente.
Vinicius de Moraes - Soneto da Separação

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