“Uruguay, mi tierra” por Eduardo Galeano
Filme produzido pela Televisão Espanhola em 2004, parte da série “Ésta es mi tierra”, aqui dividido em quatro partes.
Três milhões de anarquistas conservadores: não gostamos que ninguém mande em nós e custa-nos mudar. (E. Galeano).
Nossa autêntica identidade coletiva nasce do passado e se nutre dele – pegadas sobre as quais caminham nossos pés, passos que representem nossas andanças de agora – mas não cristaliza na nostalgia. Somos o que fazemos, e, sobretudo o que fazemos para mudar o que somos: nossa identidade reside na ação e na luta. Por isso a revelação do que somos implica na denúncia do que nos impede de ser o que podemos ser. - Eduardo Galeano
Ella está en el horizonte. Me acerco dos pasos, ella se aleja dos pasos. Caminho diez pasos mas y el horizonte se corre dies pasos mas. Por mucho que yo camine nuca la alcanzare. Para que sirve la utopia? Para eso sirve para caminar. (Eduardo Galeano)
A vida, sem nome, sem memória, estava sozinha. Tinha mãos, mas não tinha em quem tocar. Tinha boca, mas não tinha com quem falar. A vida era uma, e sendo uma era nenhuma. Então o desejo disparou sua flecha. E a flecha do desejo partiu a vida pela metade, e a vida tornou-se duas. As duas metades se encontraram e riram. Ao se ver, riam; e, ao se tocar, também.
E.Galeano
Luz Marina Acosta era menininha quando descobriu o circo Feruliche. O circo Feruliche emergiu certa noite, mágico barco de luzes, das profundidades do Lago da Nicarágua. Eram clarins guerreiros as cornetas de papelão dos palhaços e bandeiras altas, os farrapos que ondulavam anunciando a maior festa do mundo. A lona estava toda cheia de remendos, e também os leões, aposentados leões; mas a lona era um castelo e os leões, os reis da selva. E uma senhora rechonchuda, brilhante de lantejoulas, era a rainha dos céus, balançando nos trapézios a um metro do chão. Então, Luz Marina deciciu tornar-se acrobata. E saltou de verdade, lá do alto, e em sua primeira acrobacia, aos seis anos de idade, quebrou as costelas. E assim foi, depois, a vida. Na guerra, longa guerra contra a ditadura de Somonza, e nos amores: sempre voando, sempre quebrando as costelas. Porque quem entra no circo Feruliche não sai jamais.
(Eduardo Galeano)
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